Durante o ciclo da cadeia de suprimentos do varejo, é comum acontecerem perdas em todas as etapas. Desde as perdas do produtor, com problemas na safra, até as perdas causadas no momento da venda para o consumidor. Reduzir estas perdas é muito importante para garantir uma maior margem de lucros e uma das melhores formas de fazermos isso é mapear as perdas no fluxo da cadeia de abastecimento de uma loja. Recebimento, armazenagem, manipulação, exposição e checkout: cada uma destas áreas têm seus pontos fracos e é justamente com eles que iremos trabalhar neste artigo.

Nosso foco será na parte do ciclo da cadeia de suprimentos que diz respeito diretamente ao varejo, ou seja: Distribuidores, Supermercados e Consumidores. As análises que faremos aqui são baseadas nos resultados apresentados pela ABRAS em 2021, onde identificamos os impactos das perdas nos processos operacionais. Com o mapeamento das ações realizadas nestas áreas, segmentamos os motivos de nossas perdas, conseguimos identificá-las perdas no fluxo da cadeia de abastecimento e saber onde e por que elas existem. Este é o primeiro passo para combatê-las!

Perdas no Recebimento

Impactos: Quebra Operacional, Furto Externo, Erro Administrativo, Furto Interno e Fornecedores

A área de Recebimento possui contato externo direto em suas operações, aumentando as vulnerabilidades e riscos de perdas no fluxo da cadeia de abastecimento seja por erros, fraudes ou falhas operacionais.

Algumas práticas são essenciais para um bom Recebimento, reduzindo consideravelmente as perdas não identificadas (aquelas que aparecem nas diferenças de inventários). Estas boas práticas também combatem diretamente as possibilidades de fraudes (onde o ambiente monitorado e controlado inibe este comportamento) e, por último, cria uma cultura de controle nos processos que mitiga falhas operacionais.

Algumas Práticas que reduzem perdas no fluxo da cadeia de abastecimento e melhoram a qualidade do Recebimento:
  1. Revisar equipamentos (balanças, coletores e outros) e validar os processos e políticas de Recebimento periodicamente;
  2. Estabelecer regras claras para aprovação e encaminhamento após a entrada de produtos (validade, temperatura etc.). Aqui devemos observar as negociações comerciais, pois sempre há exceções;
  3. Promover auditorias sistematicamente, desmanchando as cargas e conferindo detalhadamente;
  4. Mapear as ocorrências identificadas e tratá-las de forma eficiente para não haver recorrência;
  5. Investir em tecnologias de segurança e operações com foco em ações como monitoramento, checklist eletrônico, coletores, termômetros e balanças eletrônicas.

Perdas na Armazenagem

Impactos: Quebra Operacional, Erro Administrativo, Erros de Inventários, Furto Interno e Fornecedores

O depósito ou área de armazenagem necessita de atenção detalhada, pois é comum vermos uma grande e constante circulação de pessoas, equipamentos de transporte, obstáculos físicos e estruturas limitadas. Além dos riscos já existentes nestes cenários, devemos compreender a importância de que o estoque, sendo a segunda conta mais cara para empresa, necessita de um gerenciamento bem próximo e ágil.

Algumas Práticas que melhoram a qualidade dos Depósitos e a redução de perdas nesta área:
  1. Ter políticas e processos claros para endereçamento dos produtos – PARs devem ser protegidos adequadamente e produtos de alto giro armazenados o mais próximo possível da saída para loja, por exemplo;
  2. Estabelecer regras de circulação e proteção de pessoas com sinalização a vista e fiscalização constante;
  3. Auditar o processo de PVPS (Primeiro que Vence, Primeiro que Sai) em todas as categorias;
  4. Organização, limpeza e sinalização são procedimentos básicos que devem ser executados por agendas e cronogramas de execuções;
  5. Separar e registrar adequadamente as avarias, direcionando-as ao aproveitamento, transferências, trocas ou descartes;
  6. Auditar o funcionamento adequado de Câmaras frigoríficas, balcões e áreas restritas para produção.

Perdas na Manipulação

Impactos: Quebra Operacional, Erro Administrativo, Furto Interno

Os setores que possuem manipulações em seus processos são extremamente sensíveis às perdas no fluxo da cadeia de abastecimento. O planejamento adequado de produção, a preocupação com higiene e asseio no processo são fundamentais, a atenção especial à precificação e utilização adequada de embalagens são itens fundamentais para redução dos impactos de perdas nestas áreas.

Algumas Práticas que melhoram a qualidade dos setores que manipulam alimentos e a redução de perdas nesta área:
  1. Monitorar constantemente a temperatura, higiene, materiais de uso, EPIs e organização dos ambientes de produção;
  2. Cumprir as regras de manipulação de alimentos conforme indicações determinadas pelas áreas de Nutrição, Veterinária e/ou Sanitária;
  3. Executar as produções sob regras de agendas de produção, ajustando periodicamente os níveis com base nas vendas/saídas;
  4. Utilizar embalagens adequadas para cada tipo de produto, evitando desperdícios e adequando os estoques destes itens;
  5. Priorizar a produção conforme as demandas na área de venda, pois é lá que o produto é vendido e não nas câmaras.

Perdas na Exposição ou área de vendas

Impactos: Quebra Operacional, Furto Externo, Erro de Inventário, Erro Administrativo, Furto Interno e Fornecedores

Diversos fatores na operação da área de vendas podem influenciar o aumento de perdas no fluxo da cadeia de abastecimento e prejudicar o desempenho de resultados em todos os setores. É importante salientar que produtos perecíveis e PARs (produtos de alto risco) são protagonistas nestas situações, por isso devem ser tratados com atenção e cuidado.

Algumas práticas para produzir melhores resultados nesta área que detém boa participação na redução das perdas no fluxo da cadeia de abastecimento e no incremento das vendas:
  1. Acompanhar sistematicamente as rupturas e frequência de abastecimentos;
  2. Identificar as áreas nobres de exposição e explorá-las de forma contínua, com ações de vendas linkadas a margens, promoções e locação e outras oportunidades;
  3. Observar o planograma periodicamente e ajustá-lo conforme as demandas de sazonalidades e oportunidades;
  4. Acompanhar o funcionamento dos expositores de produtos perecíveis, suas manutenções e agenda de higienização;
  5. Definir políticas para produtos abandonados na loja, onde todos os colaboradores se preocupem igualmente em devolvê-los para suas áreas de origem;
  6. Atuar de forma equilibrada na exposição e confinamento dos produtos de alto risco, utilizando tecnologias adequadas para cada tipo de categoria. Confinar demais pode inibir as vendas!

Perdas no Checkout

Impactos: Quebra Operacional, Furto Externo, Erro Administrativo, Furto Interno

Podemos considerar que o último processo da cadeia de abastecimento de uma loja é o mais crítico de todos. É no checkout que podemos decretar a confirmação das perdas sem chances de recuperação, onde o produto que foi comprado, preparado e trabalhado para que gere o devido lucro pode sair sem retorno esperado, gerando impactos negativos e decisivos nos resultados.

Existem diversas ações para inibição de perdas na frente de caixa, elencamos aqui algumas delas:
  1. Trabalhar de forma intensa os treinamentos com foco em atendimento, atenção e procedimentos de multiplicação, contagens, pesagens, troca de etiquetas e produtos de alto risco;
  2. Criar agendas diárias de manutenções, testes e limpezas de equipamentos (leitores, balanças e teclados);
  3. Explorar intensamente as áreas de checkstand, sempre abastecidas, precificadas e organizadas;
  4. Acompanhar o cumprimento das regras de sangria, fundo de troco, acompanhamento de grandes compras, devoluções, cancelamentos, divergências, distribuição de embalagens etc.;
  5. Investir em monitoramento auditável e/ou online. Ainda que este ponto pareça ser caro, o retorno é importante não apenas por questões financeiras, mas pelas adaptações culturais da empresa. Investir em tecnologia ajuda com a inibição de fraudes e gera informações sobre maiores ocorrências por tipos, produtos e colaboradores. Além disso, a tecnologia pode trazer mais segurança para processos como cancelamento, trocas e fraudes na frente do caixa.

A Prevenção de Perdas deve estar espalhada por todas as áreas da Cadeia de Abastecimento do varejo. Prevenir perdas é uma cultura e quanto mais pensamos e investimos nisso, mais os colaboradores estarão cientes de sua importância. Aplique estas boas práticas ao seu dia a dia e garanta bons lucros em seus negócios. Boas vendas!