Em razão do Dia Internacional da Mulher, o mês de março costuma ser marcado pela intensificação do debate sobre gênero, destacando a luta histórica de mulheres em busca de mais respeito e equidade. A data serve como um lembrete anual para toda sociedade, um verdadeiro convite à reflexão. Pensando no cenário do varejo, onde este tema tem sido levantado de forma consistente e brilhante pelo Instituto Mulheres do Varejo, queria propor um recorte para o setor de Prevenção de Perdas.

Trabalhei por mais de 15 anos em áreas de Auditoria e Prevenção de Perdas de grandes redes varejistas e, embora fosse um ambiente majoritariamente masculino, tive a sorte de ter colegas de trabalho que, de modo geral, nunca fizeram distinção em relação a gênero e consegui me desenvolver na área. Nos últimos anos, atuando ao lado da indústria, em parceria com varejistas de todo o Brasil, sempre fico na expectativa de encontrar mais mulheres a frente de áreas de riscos das redes. Porém, isso ainda é raro, seja qual for a região do país.

As estatísticas não deixam dúvidas que no mundo corporativo e também no varejo existe um longo caminho a se percorrer até alcançarmos a equidade. As mulheres estão sempre a prova, sendo testadas, principalmente em atividades predominantemente masculinas. Infelizmente ainda nos deparamos com histórias de preconceito e desrespeito.

Como profissional de Prevenção de Perdas, me pergunto se ainda há dúvidas no mercado em relação a uma mulher poder ser Gestora de Risco e áreas afins. Afinal de contas, a maioria esmagadora destas posições é ocupada por homens.

Após uma notável transformação do setor de Prevenção de Perdas e Gestão de Riscos, que tem atuado de forma cada vez mais analítica e estratégica, não faria sentido a maior participação das mulheres nestes setores?

De forma geral, percebemos algumas características ditas “femininas” que são bem-vindas na Prevenção de Perdas, como sensibilidade e empatia, por exemplo. Da mesma forma são a paciência, a racionalidade, a praticidade e capacidade de negociar. Saber o momento certo de se posicionar, ser a agente de apoio para atingir os resultados esperados são diferenciais que pertencem a todos. Este perfil é desenhado para a área e não para um gênero determinado.

Outro ponto que merece destaque é o avanço da tecnologia como aliada do setor de Prevenção de Perdas. Há alguns anos, contar com segurança ostensiva de aparência truculenta na porta da loja era a única forma de inibir a atuação de furtantes, por exemplo. Entretanto, hoje é possível realizar uma abordagem preventiva e prestativa, com estratégia orientada por dados, fornecidos por sistemas inteligentes e conectados.

Finalizo a reflexão citando novamente o Instituto Mulheres do Varejo, com a fala de sua fundadora Vanessa Sandrini no podcast PDV: “Cada um pode ser o que quiser ser. (…) Precisamos transformar o varejo em um ambiente onde a mulher possa viver as suas escolhas”.

Afinal, lugar de mulher é onde ela quiser.