Quando falamos em Prevenção de Perdas, muita gente ainda pensa apenas em segurança ou em “olho" no estoque. Mas na prática, o jogo é bem maior: são os indicadores que mostram se a operação está saudável ou se o dinheiro está escorrendo pelo ralo sem ninguém perceber.

Seguem cinco indicadores essenciais da prevenção de perdas, explicando de forma simples o que são, como calcular e o mais importante: que tipo de ação tomar quando eles não estão indo bem.

1. Quebra operacional: entenda o impacto das perdas naturais

O que é: perdas naturais no processo, como frutas que amadurecem demais, produtos danificados no manuseio ou vencidos.

Cálculo: (Valor da quebra ÷ Valor total comprado) x 100.

Por que importa: mostra o quanto do seu estoque virou custo sem virar venda.

Plano de ação: revisar armazenamento, treinar equipe em manuseio, ajustar pedidos (comprar na medida certa) e reforçar controle de validade.

2. Diferença de inventário: quando sistema e prateleira não batem

O que é: a diferença entre o que o sistema diz que você tem e o que realmente está na prateleira.

Cálculo: (Diferença encontrada ÷ Valor do estoque) x 100.

Por que importa: diferença alta pode indicar falhas de registro, furtos ou processos mal executados.

Plano de ação: aumentar a frequência de inventários rotativos, revisar lançamentos no sistema e investigar possíveis perdas internas.

3. Perda por vencimento: estoque parado é prejuízo certo

O que é: produtos que não foram vendidos a tempo.

Cálculo: (Valor dos produtos vencidos ÷ Valor total de vendas) x 100.

Por que importa: além do prejuízo financeiro, gera insatisfação do cliente quando encontra mercadoria vencida na gôndola.

Plano de ação: monitorar giro de estoque, criar promoções inteligentes antes da data crítica e treinar equipe em FIFO (primeiro que entra, primeiro que sai).

4. Perda por furtos: internos e externos

O que é: tudo que desaparece da loja sem registro de venda.

Cálculo: normalmente identificado pelo cruzamento entre inventário, câmeras e análises de ruptura.

Por que importa: porque não existe justificativa aceitável para roubo — é prejuízo puro.

Plano de ação: melhorar controles de acesso, instalar sistemas de monitoramento, reforçar cultura ética na equipe e treinar líderes para agir rápido em situações suspeitas.

5. Ruptura de gôndola: quando o cliente não encontra o produto

O que é: quando o produto não está disponível para o cliente, mesmo existindo no estoque.

Cálculo: (Número de itens em falta ÷ Total de itens da loja) x 100.

Por que importa: ruptura é perda dupla — você não vende e ainda abre espaço para o cliente comprar do concorrente.

Plano de ação: melhorar abastecimento, alinhar comunicação entre estoque e salão de vendas e usar indicadores de giro para repor com inteligência.

6. Gerenciamento eficaz do estoque: além do volume, a rotina de reabastecimento

Mais do que controlar a quantidade total de produtos, a verdadeira eficácia está na disciplina do reabastecimento da gôndola.

Quando a gôndola nunca é zerada, existe o risco de mistura de lotes, aumentando a chance de perdas e prejudicando a percepção de frescor do cliente. Por isso, manter ciclos de reposição claros é fundamental para evitar desperdícios e rupturas ocultas.

No armazém, o foco deve estar na aplicação rigorosa do FEFO (First Expired, First Out), garantindo que os itens com vencimento mais próximo saiam primeiro. Essa prática preserva margens e reduz obsolescência.

Gerir estoques não é apenas saber “quanto temos em caixa”, mas como reabastecemos e como fazemos o produto girar. É na gôndola que a disponibilidade se converte em venda — e é aí que se prova a eficácia da gestão.

Indicadores de perdas são o check-up da operação

Esses cinco indicadores (e o cuidado extra com o reabastecimento da gôndola) são como o “check-up” da sua operação. Se um deles está ruim, o prejuízo pode não aparecer de imediato no DRE, mas está lá, corroendo a margem. O segredo não é apenas medir — é agir rápido para corrigir.