Durante a APAS SHOW, reunimos diversos especialistas em uma maratona de conversas para o Podcast PDV – Por Dentro do Varejo. Os profissionais que participaram deram contribuições importantíssimas para o debate sobre o momento atual do varejo e um dos participantes, Antônio Balbino, consultor e especialista em prevenção de perdas, focou no tema da prevenção de perdas para o setor supermercadista. Balbino nos mostrou como o setor de prevenção de perdas ganhou relevância dentro das empresas e vem se tornando cada vez mais estratégico nos últimos anos. Para conferir a conversa na íntegra, clique aqui.

A perda como diferencial competitivo das empresas

Primeiramente, perguntamos a Antônio Balbino se diante do período muito peculiar do varejo, de retomada após pandemia, crise econômica e digitalização super acelerada, se a prevenção de perdas está tomando seu lugar estratégico. Para ele, os varejistas passaram a perceber que a perda é um diferencial competitivo e que ao reduzi-la, ele consegue aumentar a lucratividade líquida do seu negócio, evitando o prejuízo. Com as mudanças, o setor tem dado mais atenção a uma melhor gestão de estoques, por exemplo.

Com a pandemia, o varejista começou a observar melhor seus processos internos, notando deficiências de acurácia de estoque no momento da venda online, o estoque físico não batia com o virtual, criando uma quebra de estoque. Essa percepção trouxe uma nova visão sobre a importância de ações específicas da prevenção de perdas para o setor supermercadista.

“A prevenção de perdas entrou em foco justamente nesse momento de melhorar a acurácia dos estoques, fazendo mais inventários e melhorando a eficiência com relação ao processo interno. É preciso trabalhar a raiz do processo que está na gestão de estoques e nos processos internos para reduzir perdas, estruturando desde a raiz”.

O perfil ideal de um bom profissional de prevenção de perdas

Aproveitamos a experiência de Balbino para perguntar a ele qual seriam as características essenciais para um bom profissional de prevenção de perdas. O especialista deu destaque para a capacidade analítica das pessoas e ao comprometimento com o trabalho. Para ele, na área de prevenção de perdas é de suma importância que os profissionais sejam analíticos, comprometidos, com bom perfil social e preocupados com as perdas da empresa.

“É importante que seja um profissional que tenha o que chamamos de “dor de dono”. Alguém que sente os prejuízos como seus. Um profissional que detecte um problema no inventário e que esteja determinado a descobrir o que aconteceu. O inventário é um recorte da empresa naquele momento, mas é importante estar comprometido a fazer análise das informações que você encontrou, das divergências, e buscar a raiz do problema para mitigá-lo”

A eficiência operacional ganhando destaque no varejo

Ainda sobre as mudanças ocorridas após a pandemia, conversamos sobre a mudança de visão que vem ocorrendo em relação ao tema da eficiência operacional. Antônio Balbino relembrou como era a relação com a prevenção de perdas em outros tempos e afirmou que este é um momento importante para o varejo. As discussões se tornarão mais abrangentes, tratando não apenas de perdas e quebras, mas também de rupturas, da questão da imagem da empresa, do quanto ser um local confiável e com eficiência operacional ajuda a lucrar mais e ter menos prejuízos. Mais foco não só nas quebras e perdas, mas também na área comercial.

“A ruptura é muito pior do que uma perda simples, porque a perda nós conseguimos medir, a ruptura não. É difícil mapear o quanto a ruptura atrapalha na lucratividade porque não conseguimos medir. É melhor ter perdas que você consegue medir do que não fazer ideia do quanto você perde com a ruptura”

As perdas são responsabilidade de todo o negócio e não só da prevenção

Seguindo o tema da APAS SHOW: “O essencial é humano”, perguntamos ao Balbino sobre os esforços que o varejo e em especial a área de segurança e prevenção de perdas tem feito para uma maior humanização de suas atividades, e que fatores podem contribuir para este objetivo. Para ele, é preciso conectar mais as áreas do varejo, sem segregar os grupos como antes acontecia com a prevenção de perdas. Se as perdas fazem parte do negócio, elas devem ser responsabilidade de todos. A área de prevenção de perdas tem o seu papel, mas precisa trabalhar coletivamente com as outras áreas. Quebrar este paradigma é o primeiro passo para humanizar.

“Orientar melhor as pessoas, tornar os profissionais mais próximos, treinar a equipe, tudo isso ajuda a humanizar mais o varejo. Também precisamos trazer cada vez mais jovens para essa área, renovar as equipes, mas sem perder o foco em reter talentos. É preciso humanizar a empresa, ter mais atenção e proximidade com a equipe. De nada adiante chegar cobrando sem ter orientado antes. É preciso escutar, treinar e ter sensibilidade para ter um varejo mais humano”

Por fim Balbino falou sobre o que para ele é o maior desafio da Prevenção de Perdas nos próximos anos: formar mais profissionais de prevenção de perdas dentro da própria empresa. Mudar a cultura da empresa e fazer com que todos, desde a diretoria da empresa até o recebimento na retaguarda, entendam o que é prevenção e como devem agir para reduzir as perdas.