O ano de 2025 marcou uma mudança importante no crescimento do varejo alimentar brasileiro. Enquanto grandes grupos viveram um período de reestruturação, as redes regionais puxaram o desempenho do setor e reforçaram sua relevância competitiva.

Para entender o que explica essa dinâmica, conversamos com Alessandra Morita, jornalista e Head de Conteúdo da SA+ Ecossistema de Varejo, no episódio 141 do podcast PDV. Ela acompanha o setor há quase três décadas e trouxe uma visão clara do que moldou o ano e do que deve orientar 2026.

As redes regionais lideraram o crescimento do varejo alimentar

Segundo Alessandra, dados preliminares do relatório exclusivo Varejo Alimentar em Contexto, produzido pela SA+, apontam que as redes regionais registraram 6,2% de crescimento em mesmas lojas entre janeiro e setembro de 2025.

Ela destaca que esse avanço é ainda mais relevante considerando a instabilidade do ano, com as vendas crescendo de forma irregular. Mesmo nesse ambiente, as regionais continuaram entregando resultado, e isso não é surpresa para quem acompanha sua trajetória.

“O crescimento das redes regionais não acontece pontualmente. Elas já vêm puxando o varejo alimentar há bastante tempo.”
— Alessandra Morita

Alessandra cita exemplos como Grupo Mateus, Supermercados BH, Mufato, Grupo Pereira, Koch e MartMinas, que vêm escalando posições no ranking Abras e ampliando participação de mercado de forma consistente.

Por que as redes regionais crescem mais?

De acordo com Alessandra, alguns elementos explicam esse fôlego das regionais no crescimento do varejo alimentar:

  • Decisões rápidas: “Você fala direto com o dono.”
  • Conhecimento profundo do consumidor local
  • Capacidade de ajustar sortimento com agilidade
  • Velocidade na adoção de inovações
  • Proximidade com fornecedores

Essa combinação permite responder mais rápido aos sinais do mercado — uma vantagem especialmente importante em anos desafiadores.

O retorno do supermercado tradicional

Na visão da especialista, outro movimento relevante para o crescimento do varejo alimentar em 2025 foi a recuperação do formato de supermercado tradicional.

Alessandra explica que dados recentes da Scanntech mostram:

  • Supermercados cresceram 6,1% em vendas de valor no acumulado de janeiro a outubro.
  • Atacarejos cresceram 3,2% no mesmo período.

A redução do gap de preços alterou a dinâmica competitiva, “A diferença de preço que já foi de 15% hoje está entre 5% e 8%”, reforça.

Com o preço deixando de ser o único fator decisivo, atributos que sempre fizeram parte do DNA do supermercado, mas estavam ofuscados, voltaram a pesar na escolha do consumidor:

  • Lojas dentro dos bairros;
  • Profundidade de sortimento, especialmente em perecíveis;
  • Comodidade da compra rápida;
  • Melhor adequação às necessidades de reposição.
“O supermercado sempre foi resiliente. Ele sobreviveu a todos os novos formatos.”
— Alessandra Morita

2025: ano de reorganização para os grandes grupos

Enquanto regionais aceleravam e supermercados recuperavam espaço, grandes redes nacionais e internacionais viveram 2025 como um ano de ajustes estruturais. Alessandra destaca alguns players:

  • O Carrefour focou em consolidar conversões e “botar a casa em ordem”.
  • O Sam’s Club segue promissor, mas ainda precisa ampliar conhecimento do modelo no Brasil.
  • O Cencosud busca maior unidade de marca e otimização do parque de lojas.
  • Uma nova rede russa de ‘hard discount’ chega capitalizada e com plano de expansão agressivo

Tecnologia: produtividade antes de modismos

Ao analisar tecnologia no varejo, Alessandra traz um ponto fundamental: “O varejista precisa olhar para o que realmente importa: produtividade e eficiência.”

Ela reforça que o setor opera com margem líquida média em torno de 2%, o que torna qualquer ganho operacional extremamente relevante.

Um dos exemplos mais diretos é a redução de perdas:

“Quando você reduz perdas, você aumenta vendas. Aumentando vendas, você dilui custo. Dilui custo, aumenta o lucro.”
— Alessandra Morita

Para Alessandra, tecnologia deve ser meio, não fim. E, precisa servir à estratégia da empresa, não a tendências passageiras.

Crescimento do varejo alimentar em 2026: o que esperar

A partir dos pontos trazidos por Alessandra, fica evidente que o crescimento do varejo alimentar em 2026 dependerá de três pilares:

  1. 1Agilidade estratégica
  2. Eficiência operacional
  3. Uso inteligente da tecnologia para suportar ambos

Redes que conseguirem integrar dados, processos e indicadores terão mais capacidade de tomar decisões rápidas e sustentadas, maximizando rentabilidade num mercado cada vez mais competitivo.

Ouça a análise completa no podcast PDV

Neste artigo, reunimos alguns dos principais pontos apresentados por Alessandra Morita no episódio 141 do podcast PDV. Para entender em profundidade as forças que moldaram o crescimento do varejo alimentar em 2025 (e o que esperar de 2026) ouça o episódio completo na sua plataforma de áudio favorita.