No episódio 120 do PDV Podcast, eu, Adriano Sambugaro, junto com Gustavo Carrer, tive a oportunidade de conversar com Fernando Gibotti, especialista em análise de dados sobre hábitos de consumo. Foi uma discussão rica sobre como as mudanças demográficas e a transformação digital estão impactando diretamente o comportamento dos consumidores e o varejo.
Gibotti provocou reflexões sobre o que ele chamou de "a era da transformação demográfica", destacando que as gerações de hoje não são mais definidas pela idade, mas sim pelas atitudes e hábitos de consumo, que são moldados pela abundância de informações, especialmente nas redes sociais.
A nova definição de gerações: um reflexo da análise de dados sobre hábitos de consumo
A classificação tradicional das gerações está sendo desafiada pela realidade atual. Em nossa conversa, Fernando Gibotti explicou que hoje o comportamento de consumo está mais relacionado ao momento de vida das pessoas do que à faixa etária. Achei interessante quando ele deu um exemplo claro dessa transformação:
"O momento de vida que a pessoa está diz como ela vai consumir. E o contrário é possível por dedução. Imagine assim, eu tenho lá um cadastro de um determinado cliente numa base de CRM. Esse cliente tem 45 anos. Eu, olhando a cesta de compra desse cliente, consigo definir com alto grau de precisão se ele mora sozinho, se ele mora com mais uma pessoa, um companheiro ou uma companheira, se ele tem no domicílio filhos ou não, e se ele tem no domicílio pessoas idosas." — Fernando Gibotti
Essa capacidade de entender o comportamento dos consumidores por meio da análise de dados sobre hábitos de consumo se tornou essencial para o varejo, que precisa adaptar suas ofertas de maneira cada vez mais personalizada.
A diversificação dos formatos de loja
Outro ponto que discutimos no podcast foi a importância da diversificação dos formatos de loja e como isso está mudando a dinâmica do varejo. Com o surgimento de dark stores, e-commerce e lojas de conveniência, os consumidores estão mudando a forma como fazem suas compras.
Gibotti explicou que essa diversificação torna a concorrência mais difícil de mapear, o que exige um uso mais sofisticado da análise de dados sobre hábitos de consumo:
"A partir do momento que os itens do varejo alimentar começam a ser fornecidos nas plataformas mais genéricas, você já começa a ter nebulosidade na concorrência. Então o primeiro ponto que a gente tem avaliado muito fortemente é que, em função da disponibilidade de oferta, seja nas lojas convencionais, nas lojas de hiper conveniência ou nas lojas online, sejam elas plataforma ou e-commerce próprio do varejista, as pessoas começam a comprar menor quantidade quando elas vão para o supermercado." — Fernando Gibotti
Ficou claro que entender essas mudanças de comportamento é essencial para que os varejistas possam se adaptar e oferecer uma experiência de compra relevante.
O crescimento dos marketplaces e a ameaça ao varejo físico
Sobre o impacto crescente dos marketplaces no varejo físico, Gibotti destacou que, além de estarem competindo com os supermercados, muitos marketplaces estão começando a comprar diretamente das indústrias, mudando completamente o jogo.
"A partir do momento que esses marketplaces começam a acessar diretamente a indústria, fazer a compra dos produtos, a distribuição, ou ainda a distribuição direta sem ter que comprar, mas tendo o armazenamento, isso é uma ameaça real para o varejo físico." — Fernando Gibotti
Esse cenário reforça a importância de uma análise de dados sobre hábitos de consumo bem estruturada para que o varejo físico possa se manter competitivo frente a esses novos formatos.
CRM e inteligência artificial no varejo: uma revolução na análise de dados sobre hábitos de consumo
Gibotti também nos explicou a importância de um uso mais eficiente das ferramentas de CRM no varejo. Ele comentou que, muitas vezes, os varejistas subutilizam essas ferramentas e que é necessário ter uma estratégia clara, alinhada à análise de dados sobre hábitos de consumo, para aproveitar todo o potencial do CRM.
"A ferramenta de CRM sozinha não faz isso, porque tem questões conceituais por trás. Então, por que desde o momento que nós abrimos a nossa companhia, nós nos posicionamos como uma empresa de ciência do consumo? Porque nós acreditamos que a ferramenta não faz o autor, a ferramenta não faz o escritor, a ferramenta não traz o resultado de venda." — Fernando Gibotti
Além disso, falamos sobre como a inteligência artificial tem transformado a forma como os CRMs podem personalizar a comunicação com os clientes, oferecendo experiências mais relevantes e personalizadas.
"A inteligência artificial, permite hoje você falar individualmente com cada um desses um milhão de clientes, considerando o contexto deste cliente na relação com o supermercado."
O futuro do varejo e a importância da análise de dados sobre hábitos de consumo
Para finalizar, Gibotti reforçou a importância da análise de dados sobre hábitos de consumo para o futuro do varejo. Ele deixou claro que o varejo precisa entender profundamente os hábitos dos seus consumidores e estar pronto para adaptar suas ofertas às mudanças constantes do mercado.
"O supermercado é o ambiente mais democrático do mundo, pelo menos aqui no Brasil, porque é onde você coloca pessoas de diferentes níveis sociais, conseguindo ter o máximo de ajuste, o máximo de sobreposição de consumo." — Fernando Gibotti
Vale a pena conferir o episódio completo do PDV com Gibotti. Trata-se de uma análise profunda das transformações no comportamento do consumidor e como o uso inteligente dos dados pode ser um grande diferencial competitivo para o varejo moderno.